O mercado imobiliário é um dos segmentos que mais movimentam a economia brasileira. Só em 2022, foram comercializados 133.891 imóveis no país, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Além dos números expressivos, existe um ponto essencial que precisa ser debatido no setor: a crescente participação feminina.
A participação das mulheres no mercado imobiliário tem crescido de forma notável nos últimos anos. De acordo com a Pesquisa Raio-X da Corretora 2023, divulgada pelo DataZAP na 10ª edição do Conecta Imobi, a participação de mulheres no setor aumentou de 34% em 2019 para 40% em 2022.
Esse crescimento significativo reflete uma mudança cultural e profissional, onde as mulheres estão se afirmando cada vez mais como corretoras de imóveis plenamente capacitadas, deixando de enxergar a profissão como uma fase transitória em suas carreiras.
Um dos principais atrativos da carreira de corretora de imóveis para as mulheres é a flexibilidade de horário e a possibilidade de altos ganhos. A pesquisa revela que 30% das corretoras escolhem essa profissão pela comissão e salário, enquanto 21% são atraídas pelos horários flexíveis.
Isso demonstra como a profissão de corretora pode oferecer um equilíbrio melhor entre vida pessoal e profissional, um fator crucial para muitas mulheres no ramo imobiliário.
As mulheres no mercado imobiliário estão cada vez mais organizadas e engajadas em promover a igualdade de gênero. Instituições e grupos, como o Instituto Mulheres do Imobiliário, estão desempenhando um papel crucial na conscientização e na promoção da inclusão. A pandemia acelerou essa tendência, com a automatização do mercado imobiliário proporcionando mais flexibilidade e oportunidades para as corretoras de imóveis.
Apesar do aumento na participação feminina, ainda existem desafios significativos a serem superados. Primeiramente, as mulheres no setor imobiliário muitas vezes enfrentam jornadas de trabalho mais longas e uma disparidade salarial em relação aos homens. No 4º trimestre de 2022, por exemplo, 24% das mulheres afirmaram trabalhar 49 horas ou mais por semana, em comparação com 13% dos homens.
Além disso, a falta de regulamentação e benefícios, como seguro de saúde e vale-creche, adiciona uma camada de instabilidade para muitas corretoras.
Portanto, é crucial abordar essas questões para garantir um ambiente de trabalho mais equitativo e sustentável para todos.
A média de idade das corretoras é de 51 anos, com a maioria tendo mais de 40 anos de idade. Muitas também equilibram outras profissões além da corretagem, como administração, advocacia e arquitetura. Essa diversidade de experiência enriquece o setor e traz diferentes perspectivas e habilidades para o mercado imobiliário.
O destaque feminino nas companhias não é baseado em achismo, mas sim em resultados concretos. De acordo com o relatório Women in Business and Management: The Business Case for Change, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as empresas com líderes femininas têm resultados até 20% melhores em relação às demais. Além disso, esse destaque não é diferente no mercado imobiliário.
As mulheres apresentam diferenciais que possibilitam o desenvolvimento sólido e de longo prazo dos negócios. Por exemplo, a empatia com os clientes é uma característica notável, de forma que o público feminino costuma ter maior habilidade para se colocar no lugar do outro e entender suas reais necessidades, bem como a forma como gosta de ser tratado.
Ademais, a habilidade em se comunicar favorece o trabalho feminino, especialmente nos momentos de negociação e na construção de relacionamentos de confiança.
O futuro do mercado imobiliário passa pelas mãos femininas. O segmento atrai cada vez mais mulheres, que estão se qualificando e se inserindo nos mais diversos cargos, seja como corretoras, gestoras, engenheiras ou em outras áreas relacionadas à indústria da construção civil. Além disso, com a busca pela equidade de gênero evidente na sociedade, as empresas se movimentam para aumentar as oportunidades para as mulheres e oferecer carreiras que possibilitem o crescimento profissional. Isso promete levar mais profissionais femininas aos cargos de liderança.
De acordo com pesquisa do DataZap+, 62% das buscas de empreendimentos para compra e locação são feitas por mulheres. Esse dado demonstra como a participação feminina é um diferencial para o setor, visto que as clientes tendem a se conectar mais com profissionais do mesmo sexo, ideal que se baseia no atendimento e no olhar mais sensível vindo das mulheres.
Outro propulsor dessa participação no setor é a tecnologia, que serve como braço direito para diminuir as barreiras no mercado imobiliário. Com as ferramentas digitais, como o Compre & Alugue Agora, e a possibilidade de trabalho remoto, as mulheres podem atuar de casa ou de qualquer lugar. Essa possibilidade impacta positivamente a qualidade de vida e facilita a conciliação entre trabalho e maternidade para aquelas que são mães.
Olhando para o futuro, é evidente que o mercado imobiliário está se tornando cada vez mais feminino. As mulheres estão trazendo novas perspectivas, inovação e um forte compromisso com a excelência, que são essenciais para o progresso e sustentabilidade do setor. Além disso, com o contínuo apoio e incentivo à igualdade de gênero, estamos construindo um mercado imobiliário mais inclusivo e dinâmico. Dessa forma, as corretoras desempenham um papel central no sucesso desse mercado.
Ana Carolina Gozzi é co-CEO do Compre & Alugue Agora. Formada em Direito pela FAAP, é especialista em Marketing Digital, Branding, Diversidade e Inclusão. Com vasta experiência no mercado imobiliário, começou como COO no Compre & Alugue Agora em 2021, focando em inovação e gestão de pessoas. Também é fundadora da Artêmia Co, agência que promove um ambiente publicitário humano e responsável.
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